Créd. da foto: Arquivo Pessoal

Trilhas, florestas, montanhas, riachos e todo tipo de ambiente natural. Esse é o cenário da Trail Running, conhecida no Brasil como corrida em trilha, uma modalidade esportiva que veio para ficar. Com o percurso sinalizado por fitas, placas ou bandeiras, a corrida consiste em percorrer todo cenário selecionado, encarar todas as dificuldades e cruzar a linha de chegada. Segundo a International Trail Running Association, os terrenos da corrida podem ser areia, estradas de terra, florestas, montanhas e até locais cobertos com gelo e neve. Além do uso das pernas, é necessário utilizar os braços para possíveis escaladas no meio do percurso.

Marcos Antonio Boos, 24, começou a praticar corrida no ano de 2015. O jovem iniciou na corrida de rua e dois anos depois migrou para a Trail Running. Antes de começar a correr, Marcos costumava jogar futebol duas vezes por semana, mas a corrida se tornou uma paixão e ele ou a se dedicar a ela, pois queria se destacar nessa modalidade. Ele participou do Campeonato Brasileiro Juvenil de Corrida em Trilha nos anos de 2019 e 2020. No primeiro ano, o jovem se machucou durante a corrida em Tijucas do Sul, RS, isso prejudicou seu desempenho e o levou a completar a corrida sem destaque. Já em 2020, Marcos conquistou o terceiro lugar no mesmo campeonato em Jaraguá do Sul, mas, devido a pandemia, a próxima prova foi adiada e ele perdeu a oportunidade de ganhar seu espaço na seleção juvenil.

“A pandemia afetou essa parte de que eu praticamente perdi a vaga para a Seleção Brasileira de Corrida em Trilha e o ânimo, sem as provas assim fica bem difícil de criar ânimo pra ter uma rotina de treino”, desabafa Marcos. A pandemia de Covid-19 afetou o campeonato e fez com que as provas fossem canceladas.

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Boos conta que isso afetou seu psicológico e tirou de vista seu objetivo maior. O atleta diz que o ano de 2020 era o último momento em que ele poderia competir para entrar na seleção juvenil por conta da idade limite que é de 23 anos.

Por ser um esporte relativamente novo na região, a corrida em trilha ainda é pouco conhecida. Marcos diz que falta uma certa visibilidade desta categoria esportiva nas mídias em geral. “Na parte de mídia e cobertura nos campeonatos, eu vejo que é muito da cultura. As pessoas geralmente veem futebol na televisão ou buscam acompanhar os ídolos, então é muito difícil você querer perder tempo vendo uma corrida na televisão se você não corre”. Ele afirma que muitos atletas, por não se dedicarem somente à corrida, acabam também não divulgando o esporte, por falta de tempo ou conhecimento sobre as redes sociais. “Eu vejo o meu caso mesmo: eu faço faculdade, trabalho o dia todo e corro. Então vejo que falta um tempo para fazer uma mídia social legal, fazer alguns vídeos, algo assim. Talvez falte incentivo”, conclui.

Em Guabiruba, cidade onde nasceu e mora até hoje, Marcos afirma faltar também a visibilidade. O município, no Médio Vale do Itajaí, possui poucos adeptos à modalidade, o que gera um certo desconhecimento e falta de interesse no público e na população em geral. “É um lugar que possui muitos atrativos turísticos, pontos para treinamento ou até competições. Mas, por ser um esporte novo, eu vejo que falta as pessoas procurarem o esporte e ter divulgação ou eventos”.

Buscando um lugar tranquilo e longe do coronavírus, por conta da pandemia, Guabiruba teve um crescimento considerável do ecoturismo. Trilhas, lagoas, morros e cachoeiras fazem parte da rota de muitos nativos e turistas da região. Por isso, Marcos acredita que seu esporte terá novos adeptos num futuro próximo. “Eu treino desde 2017, e a pandemia é a fase em que eu vejo mais as pessoas procurando as trilhas, os morros, todos esses lugares”, afirma o atleta.

Por três vezes Marcos já percorreu todo o município. Saiu de sua casa, no Aymoré, e ou pelos bairros Pomerânia, Centro, São Pedro, Imigrantes, Guabiruba Sul e Planície Alta retornando ao Aymoré pelo Morro do São José. O atleta afirma ter pensado em projetos futuros sobre corridas pela Guabiruba que envolvem a divulgação de pontos turísticos, mas por enquanto a ideia ainda está sendo amadurecida.

Apesar das dificuldades em correr no meio do mato, a melhor coisa que a corrida em trilha trouxe para Marcos é o contato com a natureza. Ele diz que é um lugar de respiro, para se desligar do mundo e de todo o caos da sociedade. “O que a corrida também trouxe para a minha vida foi a superação. Por mais que eu esteja ando dificuldade ou esteja cansado, sei que é momentâneo. Tenho que continuar dando o meu máximo porque mais à frente vem um trecho melhor.” E assim ele segue correndo e vencendo as trilhas, e superando as suas expectativas.

Colaboração no texto: Julia Finamore

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