Com a pandemia, o comércio delivery tomou força. Com isso surgiram novos empreendimentos no setor alimentício, uma vez que não é necessário espaço para consumo no local. Com o sistema de entregas em domicílio, o trabalho informal também aumentou no índice. Conforme o IBGE, em 2020 Santa Catarina registrou 24,4% de trabalhadores ocupados sem carteira assinada.
Em Guabiruba, a situação não é diferente. De acordo com o setor de Tributação da Prefeitura Municipal, nos últimos oito meses foram registradas dez novas lanchonetes MEIs no município. Isso demonstra o espírito empreendedor do guabirubense e a necessidade de uma economia criativa, uma vez que, com a quarentena, muitas pessoas entraram na “saia justa” e precisaram de uma renda extra.
Este é o caso de Felipe Motta, que durante o dia dispõe de trabalho formal em uma empresa do setor têxtil e à noite faz entregas para uma lanchonete. “A pandemia me fez ter as duas formas de ganhar dinheiro. Para mim é muito bom e me ajuda bastante. Não me vejo hoje sem estar fazendo isso. Como já virou rotina, com certeza eu estranharia bastante em não fazer mais entregas”, ressalta.
Além do alimentício, outros setores tiveram um fortalecimento diante dos meses inertes. Lojas de materiais de construção e informática conseguiram um aumento expressivo em suas vendas. Sonia de Pinho Schlindwein, funcionária de uma loja de materiais de construção, conta que, durante o tempo de confinamento, a loja teve o dobro do movimento, principalmente na parte de reformas e acabamentos. “Pelo fato de as pessoas ficarem mais tempo em casa, elas começaram a observar os reparos que precisavam ser feitos, ou então simplesmente quiseram deixar o ambiente mais aconchegante”. Sonia afirma que a alta nas vendas também trouxe um ime para o setor de construção. Os fornecedores não estão conseguindo dar conta da demanda. Isso implica no limite da distribuição para as lojas, na escassez de estoque e aumento no preço dos produtos.
O setor de informática também não ficou parado. O proprietário de um estabelecimento de informática e games, Luciano Cunha, afirma que o serviço de reparos subiu em média 25%. “A população teve que trabalhar em home office e com isso tivemos mais venda e mais prestação de serviços”. Também com o mesmo problema de oferta e demanda, as peças de conserto ficaram em falta e as que restaram tiveram alta no preço, prejudicando a fidelidade dos clientes. “Os produtos de informática são vendidos em dólar e ele está cada vez mais caro, com isso nós também acabamos sendo afetados”, pontua Cunha.
Considerando que as plantas viraram tendência em decoração nos últimos meses, as mais pedidas em uma floricultura do bairro Aymoré foram as verdinhas para interiores. “Jibóias, suculentas e costelas-de-adão tiveram uma boa saída. Como muitos moram em apartamentos, vieram atrás das plantas para ter como companhia dentro de casa”, diz a proprietária Aurea Reichert.
Com a jardinagem, o comércio de vasos artesanais também aumentou. Vanessa Dietrich Carminati afirma ter tido um aumento de pelo menos 40% nas vendas da produção da família. Ela alega que os clientes que compram no atacado também comentaram o aumento em suas vendas. “Antes, muitas pessoas tinham uma planta e aquilo era uma preocupação a mais ou até um empecilho. Agora percebo que as pessoas cultivam com ânimo”, analisa.
Para os próximos anos, o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo Andrei Müller estima que Guabiruba cresça em relação ao turismo ecológico. Ele observa que durante os primeiros meses da pandemia o ecoturismo foi movimentado na cidade. Muitas pessoas procuraram o ambiente natural como forma de lazer e proteção ao coronavírus. “Observando o espírito empreendedor que vem crescendo em Guabiruba, podemos esperar novos empreendimentos no setor turístico para os próximos anos, já que com a pandemia o ecoturismo cresceu ainda mais”, salienta.