Fomentar a prática instrumental e descobrir novos talentos musicais na cidade. Esse foi o objetivo principal que levou o maestro Marcelo Heckert a encaminhar um projeto importante para a Fundação Cultural de Guabiruba, em janeiro de 2015. Na época, Marcelo tinha a intenção de criar uma orquestra escola para ensinar novos músicos e valorizar a cultura musical já existente. O projeto foi tão bem aceito que saiu do papel em poucos meses. Foi então que, no dia 22 de abril de 2015, nasceu a Orquestra Municipal de Guabiruba.
De acordo com Marcelo, regente desde o início do projeto, a orquestra é conhecida por seu repertório eclético, partindo desde clássicos e ando por sucessos do rock, sertanejo raiz e as músicas mais tocadas nas rádios. “Mesmo com apenas cinco anos de projeto, a orquestra já produziu várias apresentações nas mais diversas localidades de Guabiruba e região, do teatro à praça, mostrando versatilidade e ecletismo em sua proposta artística, que tem atraído durante os anos cada vez mais espectadores e iradores do projeto”, afirma.
Atualmente a orquestra conta com 35 integrantes. De acordo com a superintendente da Fundação Cultural, Paula Maiara Bohn, pode fazer parte do projeto todo guabirubense a partir dos 13 anos e que possua residência fixa na cidade por, no mínimo, dois anos. “As vagas abrem na medida em que o maestro necessita para incorporar a qualidade sonora ou em caso de desistência. Os alunos, uma vez ingressados, são submetidos a aulas teóricas, provas escritas e testes práticos”, explica Paula. Semanalmente são realizadas uma aula individual com o instrutor do respectivo instrumento, uma aula teórica e uma prática em conjunto com todos os integrantes.
Com a pandemia do novo coronavírus, Paula conta que todos os cursos da Fundação Cultural foram transferidos para a modalidade online, incluindo as aulas e ensaios da orquestra. Cada aluno recebe aulas individuais através de plataformas digitais.
O projeto ajuda a destacar os diversos talentos musicais espalhados pela cidade, como é o caso de Bruna Wippel Schumacher, de 20 anos. A acadêmica de direito conta que sua paixão pela música vem desde cedo. Com sete anos de idade, começou a ter aulas de flauta doce no Colégio Cônsul Carlos Renaux, e desde então nunca mais parou. Ela também fazia parte da orquestra do colégio, que tinha como maestro o próprio Marcelo.
Ao completar o ensino médio, Bruna teve de se desligar da orquestra da escola. Foi então que, em 2017, recebeu o convite de Marcelo para ingressar na Orquestra Municipal, e atualmente toca flauta transversal. “A orquestra municipal foi uma oportunidade de continuar praticando em conjunto, que é a maneira que eu mais gosto de tocar. Melhor ainda é o fato de estar sob a regência do Marcelo, que é meu professor há mais de 10 anos, o que torna as coisas muito mais confortáveis”, comenta.
De acordo com Bruna, as aulas online são realizadas em conjunto com seu professor, Gustavo, com quem também já havia tocado antes de ingressar na Orquestra Municipal.
Além de proporcionar momentos de alegria e a valorização da cultura na cidade, a orquestra ainda permite que outras belas histórias sejam contadas. Vandrian Fael Kohler, 17, já tocou na orquestra junto do pai, Vandrigo Kohler, 40. Ambos ingressaram no projeto logo em seu início, em 2015, tocando flauta transversal e saxofone, respectivamente. Vandrian conta que foi incentivado a escolher um instrumento para tocar desde pequeno, pois a maioria de seus familiares tocava algum. Quando o pai fazia parte da orquestra, ambos expressavam juntos o amor pela música. “Eu gostava bastante, pois ele me incentivava e eu incentivava ele, além de que podíamos praticar juntos em casa”, relembra. Atualmente Vandrian continua com as aulas a distância semanalmente, sem deixar de praticar sozinho quando possível. Para ele, a orquestra representa uma maneira de expressar a arte que tanto ira.
Apesar de a orquestra não poder se apresentar em eventos como de costume, as atividades não pararam. Recentemente, em comemoração ao aniversário da cidade, o grupo desenvolveu um vídeo no qual todos os integrantes participam à distância. Cada um grava a sua parte em casa e, no fim, todos os vídeos são editados de forma que crie uma música só. “No início, senti bastante dificuldade com as gravações, mas aos poucos vou me adaptando. É uma oportunidade de montar uma orquestra à distância e fica muito legal quando tudo se junta”, conta Bruna.
Paula afirma que, como não há previsão para o retorno dos eventos, as atividades seguirão desta forma até que volte à normalidade. Ela descreve o orgulho que sente do projeto que hoje faz tanto sucesso. Para ela, possuir uma orquestra com repertório eclético, que preza tanto pelo conhecimento prático como teórico e que gera uma rica apresentação musical é um dos maiores feitos da cidade. “Ver a disposição, empenho e dedicação do maestro, professores e alunos, observar nas apresentações a população apreciando, ouvindo e se emocionando, mostra que orquestra não é só música lírica, alimenta nossa alma, nosso intelecto e gera uma população culturalmente apreciadora. Hoje sabemos, mais que nunca, da importância de fortalecermos nossas raízes culturais trazidas pelos nossos anteados”, finaliza.