A última pesquisa Quaest, divulgada nesta quinta-feira, trouxe um retrato interessante do nosso cenário político, que parece caminhar para longe daquela polarização ferrenha que marcou os últimos anos. Os números não mentem: o cansaço bateu à porta do eleitor.
De um lado, 66% dos entrevistados acham que o presidente Lula não deveria tentar a reeleição em 2026. Do outro, 65% pensam o mesmo sobre Jair Bolsonaro – que, vale lembrar, está inelegível, mas cuja sombra ainda paira sobre o tabuleiro. Ou seja, a maioria clara da população parece dizer “chega” para essa dupla que dominou o debate.
E não é só uma questão de opinião. Pela primeira vez, segundo a análise da própria Quaest, a rejeição ao governo atual está se traduzindo em rejeição eleitoral direta a Lula. O presidente agora aparece tecnicamente empatado em cenários de segundo turno com uma turma que vai além de Bolsonaro: Tarcísio de Freitas, Michelle Bolsonaro, Ratinho Jr. e até Eduardo Leite. Sinal amarelo piscando forte para o Planalto.
Enquanto isso, no campo da direita, o cenário se movimenta. Com Bolsonaro fora do páreo (ao menos por enquanto), outros nomes ganham corpo. Tarcísio e Michelle lideram a preferência como alternativas, mostrando que o eleitorado conservador começa a olhar para além do ex-presidente, embora ainda respeite seu legado e força política. Tarcísio, aliás, parece agradar mais à direita não-bolsonarista, enquanto Michelle tem a preferência dos mais alinhados a Bolsonaro. Uma dinâmica que pode definir os rumos da oposição.
Já na esquerda, o cenário parece mais estagnado. A pesquisa não testou alternativas viáveis a Lula, refletindo uma aparente dificuldade do campo progressista em apresentar novas lideranças com força nacional. Fica a pergunta: quem ocuparia esse espaço se a rejeição a Lula continuar crescendo?
O que a pesquisa mostra é um enfraquecimento dos polos que dominaram a política recente. O eleitor parece buscar novos caminhos, cansado da briga de sempre. Resta saber se as lideranças, tanto à direita quanto à esquerda, saberão ler esse recado e apresentar projetos que realmente dialoguem com esse desejo de renovação, ou se continuaremos patinando nas mesmas disputas.