A política tem dessas ironias. Uma denúncia legítima sobre descarte irregular de resíduos virou palco para um embate que, se não for bem conduzido, corre o risco de desviar o foco do que realmente importa. No olho do furacão está o vereador Justavo Barroso e Silva (PODE), que viu sua atuação legítima de fiscalizador, a qual foi eleito, ser questionada, criticada e, por alguns, até desmoralizada. Mas será que esse desgaste faz sentido ou estamos trocando prioridades por brigas políticas que poderiam (e deveriam) ficar para depois?

A situação é séria. O descarte irregular de resíduos têxteis em Guabiruba gerou revolta, movimentou a cidade e levantou um questionamento legítimo: quem está fiscalizando isso? Justavo levou o assunto à Câmara, cobrou explicações e pediu transparência no encaminhamento do caso. E é importante dizer — a reação popular não foi por causa de termos técnicos ou detalhes de processo, mas por algo mais direto: a cobrança por responsabilidade, por posicionamento claro do poder público e por medidas que evitem que essa história se repita. A população quer saber quem errou, como isso foi acontecer e, principalmente, o que será feito para corrigir o rumo.

Só que o debate virou um campo minado. O prefeito Zirke (PP) entrou em cena e criticou o vereador, dizendo que ele deveria ter buscado mais informações antes de subir à tribuna. A resposta de Justavo veio rápida e firme, mostrando sua indignação com o que entendeu como uma tentativa de desmerecer seu trabalho e, por tabela, sua conexão com a comunidade.

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E assim, o que era pra ser um debate sobre meio ambiente virou uma batalha política.

Mas esse é o caminho certo? Porque a questão central, que envolve fiscalização, responsabilidade e o futuro do tratamento de resíduos em Guabiruba, corre o risco de ficar em segundo plano. A prioridade aqui não deveria ser quem falou mais alto ou quem teve a última palavra. O foco tem que estar em como o município pretende lidar com infrações ambientais daqui pra frente — e se vai fazer isso com seriedade. O caso está sendo investigado e nada, absolutamente nada deve interferir no andamento dele.

No fim das contas, essa confusão toda pode ter um efeito inesperado. Justavo, que é vereador de primeiro mandato e ainda não tem tanto traquejo político, pode sair fortalecido desse episódio. Se conseguir manter a calma, ar a pressão e lidar com os ataques — inclusive de uma oposição fragmentada —, pode se tornar a principal voz de quem não se vê representado pelo grupo político dominante. Mas, pra isso, precisa saber escolher as batalhas e não perder de vista o problema de verdade. Esse efeito “rebote” pode acabar sendo uma pedra no sapato do prefeito, que optou em não trazer a oposição para perto quando eleito.

Resta saber qual caminho cada um vai seguir. Porque, na política, o maior adversário nem sempre é quem está do outro lado do debate. A população aguarda o desfecho do caso, esperando que os interesses da população sejam o foco dos debates e, principalmente, das ações entre os envolvidos.

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