O Brasil atravessa um momento econômico complicado: inflação alta, juros pesados e um crescimento econômico que insiste em andar de lado. A taxa Selic chega aos 15%, o crédito está cada vez mais caro e o poder de compra do consumidor sofre para acompanhar a escalada dos preços. Mas, apesar de tudo isso, o Dia das Mães mostrou que há coisas que simplesmente não se negociam.
As projeções já apontavam um aquecimento no comércio, mas os números surpreenderam. O varejo cresceu 6,3%, movimentando mais de R$ 14 bilhões. Blumenau se destacou como segunda cidade em consumo de Santa Catarina, com média de R$ 343 por presente. Em Brusque e Guabiruba, os restaurantes lotaram, com famílias reunidas para celebrar a data como manda a tradição.
Mas como isso se explica em um cenário tão desfavorável?
A verdade é que o Dia das Mães mexe com o emocional. Por mais apertado que esteja o orçamento, poucos abrem mão de presentear ou ao menos garantir um almoço especial para a mulher que sempre esteve ali. Essa demanda aquecida também impulsiona os preços. Setores estratégicos como gastronomia, floricultura e joias aproveitaram o momento: chocolates subiram mais de 21%, perfumes tiveram alta de 8,4%, e os restaurantes registraram aumento de 5,7% no ticket médio.
E o varejo soube explorar esse apelo afetivo. Promoções, facilidades de pagamento e campanhas agressivas ajudaram a convencer o consumidor a desembolsar valores que, em outros meses, ficariam represados pela cautela.
Isso significa que estamos diante de uma retomada do consumo? Ainda é cedo para dizer. O comportamento pode ser pontual, uma exceção movida pelo afeto e pela força da tradição. Mas uma coisa é certa: o Dia das Mães mostrou que, mesmo em tempos difíceis, há gastos que vêm do coração. E contra isso, nem a inflação tem força para impedir.