A conta para evitar uma maior e mais rápida disseminação do novo coronavírus (Covid-19) tem chegado para muitos setores da economia. O Zeitung abordou como as as indústrias e supermercados estão ando por esse momento e agora conversou (antes de ser liberado para comer no local) com proprietários de restaurantes e padarias, que tiveram que se adaptar ao delivery ou retiradas no balcão por conta da proibição de aglomeração de pessoas, determinada nos decretos municipais e estaduais.
Devido também a paralisação de algumas empresas ou a atuação remota por home office, muitas pessoas deixaram de fazer suas refeições fora de casa. O do restaurante Divino Sabor, localizado na rua Alois Erthal (Centro), Lucas Amaro, afirma que são muitos os desafios durante a quarentena.
“A principal mudança é que não podemos mais permitir almoço dentro do restaurante. Retirada no balcão e entrega de marmitas continuam iguais a antes, mas com isso, a procura dos clientes diminuiu em 70%. Estamos utilizando as redes sociais para oferecer nossos produtos. Além do Whatsapp e Instagram de uma forma mais direta, estamos conversando com cada cliente e oferecendo nosso almoço”, comenta Amaro.
O empresário destaca ainda a importância da valorização do comércio local. “Está muito difícil, pois temos aluguel para pagar e despesas fixas, por isso é muito importante o pessoal valorizar o comércio local, dar valor às nossas lojas e restaurantes”, enfatiza.
O restaurante Schumacher resolveu fazer um teste para avaliar se realmente vale a pena o novo método de atendimento. “Nós estamos servindo marmitas que as pessoas podem reservar até às 10h ou vir buscar na hora, mas ainda estamos avaliando se realmente vai valer a pena, já que as pessoas não podem ficar e almoçar aqui”, salienta uma das as do restaurante, Renata Schumacher, de 87 anos.
O restaurante dispensou todas os colaboradores que se enquadram no grupo de risco que são funcionários que têm alguma doença crônica ou com 60 anos ou mais. “Estamos atuando com a equipe reduzida para cumprir o que determina as regras impostas pelo distanciamento social”, completa Renata.
Confeitarias e padarias sentem diminuição de 40% no faturamento
A padaria e confeitaria Danine, situada na rua Brusque, também tem sentido os impactos da crise recessiva, imposta pelo novo coronavírus. O proprietário, Vanderlei Hassmann, de 42 anos, afirma que o mais prejudicial foi o cliente não poder parar na padaria. “Agora ele tem que comprar e já sair e grande parcela do nosso faturamento vinha de pessoas que tomavam café aqui, batiam um papo ou até trabalhavam, enquanto consumiam alguma coisa na padaria. Isso agora parou completamente, o que reduziu em 40% o faturamento”, conta Hassmann.
Segundo ele, os clientes que consomem da padaria agora preferem alimentos mais simples, como pão e massinha. “As pessoas estão comprando só o básico, pão simples ou massinha, que tem um baixo valor agregado. Então, agora estou com apenas um funcionário por turno e fazendo revezamento de férias”. Ao todo, oito pessoas trabalham na padaria, que ainda não teve demissões.
A panificadora Djan, situada no Centro, também sentiu o impacto das proibição de ter pessoas na padaria para tomar café e até realizar reuniões de trabalho, mas uma das principais dificuldades foi a redução de quase 100% das encomendas para festas e coquetéis. “As pessoas vinham muito tomar café aqui, lanches, tortas e bolos que eram consumidos aqui mesmo na padaria, eram as minhas principais vendas, até porque eu estou situado perto de muitos comércios, então muitas pessoas de outros bairros que vinham resolver algo aqui no Centro, já aproveitavam ou para tomar café ou levar algo pra casa, meu movimento caiu cerca de 40%”, comenta um dos proprietários da panificadora, Heliton Djan Mendes, de 28 anos.
Diante dessa paralisação quase que total do comércio de Guabiruba, a Djan precisou reduzir o número de funcionários. “Estou com dois funcionários em casa, de férias, e eu tive que atuar mais na produção. Nós realizamos também entregas e os únicos poucos pedidos que temos é para reuniões de famílias”, enfatiza.
A lanchonete Brotfleisch, istrada por Diego Hodecker, teve que começar a atender por delivery. Segundo o , as vendas caíram 60%. “Estamos trabalhando com serviço de entrega e retiradas no local. Também tivemos que reduzir a carga horária de trabalho para quatro horas diárias e estamos atendendo mais um dia da semana. A empresa é familiar, mas se não fosse, teríamos que diminuir pela metade também a quantidade de funcionários para cortar gastos”, pondera Diego.
Pesquisa da FIESC mostra redução de empregos em 165 mil
A indústria de Santa Catarina já perdeu pelo menos 165 mil empregos nos últimos 30 dias, desde o início da crise do novo coronavírus. O número consta em uma pesquisa feita pelo Observatório da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), apresentada na tarde de quinta-feira (16). O setor fechou 2019 com 786 mil empregados e, agora, está com 621 mil, uma redução de 21%.
O levantamento abrangeu 740 empresas de 17 setores, entre pequenas (até 99 funcionários, 54,3% do total), médias (de 100 a 499 funcionários, 37,6%) e grandes (acima de 500 funcionários, 8,1%), espalhadas por 129 cidades. Foi a partir desta mostra que a Fiesc calculou as projeções para o Estado.
Segundo a pesquisa da federação, já houve retração de 28% na produção industrial (impacto de R$ 3,4 bilhões), queda de 29,1% nas vendas internas (R$ 3,1 bilhões) e tombo de 11% nas exportações (R$ 327 milhões). A estimativa é de uma queda no PIB industrial de 28% (R$ 2,3 bilhões) no período.
Segundo a pesquisa, os setores de equipamentos elétricos (-41,7%), confecção (-41,4%) e automotivo (-39%) tiveram a maior redução do número de empregos na indústria catarinense. Para o presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, esses segmentos dependem muito do comércio, e o fechamento do varejo acabou prejudicando a produção.
Por outro lado, até mesmo atividades consideradas essenciais e que não interromperam a produção tiveram queda. O emprego na indústria de alimentos, por exemplo, recuou 5,4%. O levantamento mostra que todos os 17 setores consultados enxugaram o quadro de funcionários.