Coordenador do Núcleo Empresarial de Guabiruba, Maico Tomasi, 37 anos, é proprietário da Escola Sucesso e sócio da ASV Consultoria, além de ser professor no Centro Universitário de Brusque (Unifebe). Atua como consultor em gestão empresarial há mais de 10 anos e na área de tecnologia da informação há 20 anos.
O morador do bairro São Pedro, filho de Lucia e João Valindro Tomasi, é casado com Adriana, com quem tem um filho. Em tempos de pandemia viral, o empresário conversa com o Zeitung sobre os desafios da economia, da classe empresarial e dos reflexos gerados na nossa região.
Guabiruba Zeitung: Apesar de ter sido criado em 2007 e ter atuado em importantes conquistas, como o o Guabiruba-Brusque, poderias reforçar como surgiu, qual o propósito, e como atua o Núcleo Empresarial de Guabiruba?
Maico Tomasi: O Núcleo surgiu com a ideia de fortalecer as empresas de Guabiruba e consequentemente a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, sem ter nenhum vínculo político. Desde o início busca soluções em infraestrutura como segurança, os, internet, telefonia e energia elétrica. Mas sempre atuou em muito mais frentes, como por exemplo, na busca por soluções na área de segurança pública, cobrando dos órgãos competentes os recursos necessários.
GZ: O núcleo conta hoje com quantos associados? O que um interessado deve fazer para se associar? Há algum pré-requisito?
MT: São mais de 40 empresas associadas. Para se associar, basta que a empresa interessada entre em contato com a ACIBr (Associação Comercial e Industrial de Brusque), ao qual o Núcleo pertence e informe o desejo em participar. O grupo de empresários reúne-se mensalmente na terceira quinta-feira do mês. O local das reuniões varia conforme calendário, ocorrendo em empresas de Guabiruba ou mesmo na Câmara de Vereadores do município.
GZ: O ano de 2020 tomou um caminho muito diferente da expectativa que tínhamos em janeiro. Antes da Covid-19, quais eram as principais reivindicações e objetivos do Núcleo para o ano?
MT: O ano realmente caminhava para ser de muito sucesso, porém a pandemia alterou o planejamento de todas as empresas e nossa entidade também foi afetada. O Núcleo possui um planejamento que é montado sempre no ano anterior, entre as diversas ações que estávamos planejando, destaca-se a participação nas eleições promovendo entrevistas com os candidatos a prefeito do nosso município. Sempre durante o período eleitoral, os candidatos são convidados pelo Núcleo a participar de uma entrevista em formato de mesa redonda, onde cada candidato pode apresentar suas propostas e responder a questionamentos elaborados pelos membros. Além disso, a realização de palestras em nosso município também estava na pauta do ano.
GZ: Neste momento, para onde o Núcleo Empresarial tem direcionado suas ações?
MT: Desde o início da pandemia, o Núcleo juntamente com a ACIBr e com vários outras entidades do estado fez parte do movimento pela reabertura consciente da economia, solicitando ao governo que a atividade econômica fosse retomada o mais rápido possível, desde que com todas as medidas necessárias, como observamos nas nossas indústrias e no comércio.
GZ: Como as empresas de Guabiruba reagiram inicialmente à crise da pandemia?
MT: A reação das empresas varia conforme cada ramo de atividade. Várias precisaram utilizar os planos de suspensão e de redução de jornada. Inicialmente a grande maioria optou por colocar os funcionários de férias, o setor istrativo normalmente em home office, e com a prorrogação dos prazos por parte do governo local, ou por parte do governo do estado em que os clientes destas empresas se localizam, a adoção a outras medidas como suspensão e redução de jornada acabou sendo necessária. Tanto as pequenas empresas, como as grandes foram afetadas, penso que exceto o ramo alimentício e o ramo da saúde, todos os outros ramos sofreram e ainda sofrerão as consequências.
GZ: O setor empresarial já está conseguindo retomar suas atividades? Qual a previsão para que voltemos aos patamares anteriores à pandemia?
MT: A análise deve ser feita por setores. Existem empresas do nosso município que vendem através de e-commerce e que neste momento estão conseguindo bons resultados, outras que produzem para lojas físicas estão retomando parcialmente. No mesmo momento que a indústria têxtil que é a principal atividade do nosso município a por dificuldades, pois os grandes clientes principalmente de São Paulo cancelaram pedidos, a mesma indústria está produzindo máscaras, fabricando outros itens ou até mesmo se reinventando, buscando informações sobre o mercado digital, aprendendo a vender pela internet ou mesmo buscando novos mercados. É muito cedo para indicar o período necessário para voltarmos ao cenário anterior.
GZ: É possível que algumas empresas em Guabiruba não consigam se recuperar dessa crise e tenham de encerrar suas atividades? Que setores correm mais esse risco?
MT: Não só em Guabiruba, mas em todo nosso país, assim como também aconteceu no exterior. Com certeza alguns ramos são mais afetados, como as empresas de cursos profissionalizantes, cursos de idiomas e principalmente as empresas voltadas ao ramo de eventos e turismo.
GZ: Como você enxerga o setor empresarial de Guabiruba em um cenário pós Covid-19? Que mudanças vieram para ficar?
MT: O fato de que durante um período a população precisou ficar em casa e foi conduzida a comprar pela internet, criou um fenômeno no qual muitas pessoas tiveram a experiência de pela primeira vez usar um aplicativo bancário, ou um aplicativo para pedir comida, ou mesmo fizeram sua primeira compra pela internet. E esse fator mudou o mercado. Talvez uma mudança de comportamento do consumidor que era prevista para acontecer daqui há dez anos, aconteceu em dois meses de pandemia, e isso pode afetar principalmente o comércio físico. Isso significa que o comércio físico continuará vendendo como sempre atuou, porém precisará ar a vender digitalmente e inovar. Ao mesmo tempo, se percebe um movimento pelo incentivo de adquirir produtos locais, o que pode inclusive ser uma grande oportunidade para conhecer produtos fabricados no município.
GZ: Como empresário do ramo digital e de informática, você acredita que esse segmento sairá dessa pandemia mais fortalecido?
MT: Todos os ramos foram afetados, alguns mais e outros menos. Mas posso afirmar que a tecnologia possibilita por exemplo que uma empresa possa continuar operando com todos os seus funcionários em home office, exceto a produção, e nós presenciamos isso nos dias de maior isolamento. É importante que o empresário compreenda a necessidade de aprender a lidar com o mercado digital, ou para vender através de lojas virtuais suas ou de parceiros, ou pelo menos para apresentar sua marca na internet através de anúncios nas ferramentas de busca e nas redes sociais. E é muito importante lembrar que não adianta, usar a internet para vender, sem montar uma estratégia de pós-venda. Então com certeza a busca por conhecimento em marketing digital, e-commerce e em gestão, nunca foi tão necessário.
GZ: Além da pandemia, 2020 é também ano de eleições municipais. De que maneira o Núcleo Empresarial participará desse processo?
MT: Sempre nos anos de eleição municipal, os candidatos são convidados a participar de uma conversa com os membros do Núcleo. Nesta conversa, os planos de governo costumam ser apresentados e perguntas dos nucleados são realizadas. Além disso, a ACIBr costuma promover um debate. Neste ano, pretendemos também realizar estas atividades, mesmo que virtualmente, se for necessário.
GZ: Que mensagem o Núcleo Empresarial de Guabiruba deseja ar para a população de Guabiruba?
MT: Toda dificuldade possui uma data onde é superada. Nosso município já ou por muitas crises, enchentes, e desafios, mas nosso povo trabalhador sempre foi criativo e conseguiu superar. Desta vez não será diferente, porém, a solução com certeza a pela inovação através da tecnologia e do marketing digital que são ferramentas fundamentais para o presente e para o futuro.