“Chegamos à marca de 190 mil mortes no Brasil devido à COVID – 19. Para quem escuta, parece apenas um número, mas não é, são 190 mil sonhos, são pais, mães, filhos, irmãos e amigos que vão deixar um vazio enorme na vida de muitos brasileiros. Hoje vou contar um pouco da história de uma dessas 190 mil vidas perdidas, a história da nossa amada avó, mãe e bisa, Ignes Venske Rieg, ou só Inês como ela preferia.
Apesar da tristeza que nos assola, falar da vó é falar em alegria, renovação, fé, amor e humildade. Ainda quando criança ela perdeu sua amada mãe Angelina, mas com o apoio de seu pai Germano e seus irmãos, a tristeza deu lugar as boas lembranças.
Durante a juventude trabalhou em Blumenau e em Brusque até conhecer o amor da sua vida, o meu avô Francisco Rieg. Eles se casaram em julho de 1954, e iniciaram sua linda história na sua casa na rua Lorena, no bairro São Pedro. Dessa linda união nasceram seus cinco filhos: Berta, Cláudia, Pedro, Ana Clementina e Maria Inês; os 15 netos; quatro bisnetos e mais um que está a caminho.
Quem conheceu minha avó sabe que ela era cheia de vida, alegria e alto astral. Com seu sorriso no olhar, logo cativava a todos e começava a conversar. Como gostava de conversar! Falar da vó também é falar sobre a história e sobre adaptação, quando criança ela viveu na rua Pomerânia, na época não tinha energia elétrica e o principal meio de transporte eram as bicicletas e as carroças. Assim, ela viu o mundo e a cidade onde ela nasceu, mudar e evoluir, viu a chegada da energia elétrica, dos automóveis, da internet, viu também a nossa cidade crescer.
As vezes as mudanças e novidades nos assustam, mas não para a vó. Pois ela adorava uma novidade, estava em constante atualização, adorava usar o celular e ligar para os filhos e amigos para saber as novidades. Adorava fazer vídeo chamadas e conversar com a família, como ela dizia quando via a tela do celular, “cada um no seu quadrado”.
A televisão foi uma das coisas que ela mais gostava. Ela adorava assistir as missas, novelas e telejornais, e com a mente excelente, contava detalhadamente cada informação. Nesse ano, ela assistiu uma novela, e de vez em quando ela me dizia a frase que o personagem falava, a frase era “Tudo que acontece de ruim na vida da gente é pra melhorar”. Percebi que essa frase significava muito para a vó, pois nos últimos anos ela ou por diversas dificuldades, mas com muita fé e vontade de viver, conseguiu se recuperar, mesmo que isso levasse um pouco mais de tempo ela não desistia, persistia e vencia. Quando víamos, ela já estava buscando os ovos no galinheiro e fazendo seus deliciosos bolos e cucas para os esperados cafés de domingo à tarde, que reunia a família toda. Como ela adorava ver a mesa cheia, com a presença de todos, das conversas e das risadas.
Nas quartas, o seu atempo preferido era ir ao café dos idosos no salão São Pedro com sua melhor amiga a tia Ivone onde se encontravam com suas outras amigas e avam a tarde conversando, se divertindo e ganhando alguns brindes. Toda vez que ganhava na rifa chegava em casa com aquele sorriso de felicidade. Quem a conhecia sabia o quanto ela era vaidosa, e acreditem, aos 88 anos ela não tinha nenhum fio de cabelo branco.
Mas infelizmente o ano de 2020 iniciou com algo inesperado, uma pandemia, que com o ar dos meses, cada vez chegava mais perto, e quando vimos já estava entre nós. E assim o perverso vírus, retirou seu sorriso e silenciou sua risada. Ela que adorava cultivar suas flores no jardim, hoje está no jardim da eternidade, juntamente com o vô, intercedendo por todos nós. Ficam as boas lembranças e a certeza de que ela viveu muito bem a sua vida, amava muito a todos e do mesmo modo era muito amada. Tenho certeza de que lá do céu ela está nos desejando um feliz e abençoado Natal, e que continuemos a nos proteger para que tudo melhore logo. Muito obrigado por tudo vó. Te amo”.
Por Abraão Francisco Rieg
Tempos inesquecíveis. Parabéns Abraão.
Amor de Neto é lindo de ver..queira eu poder deixar essa lembrança dos meus..parabens.
Deve ter sido uma mulher fantástica!